Rio Piracicaba

Rio Piracicaba
Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

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Presidente: Vitor Pires Vencovsky Vice-presidente: Carmen Maria da Silva Fernandes Pilotto Diretora de Acervo: Raquel Delvaje 1a secretária: Ivana Maria França de Negri 2a secretária: Valdiza Maria Capranico 1o tesoureiro: Edson Rontani Júnior 2o tesoureiro: Alexandre Sarkis Neder Conselho fiscal: Waldemar Romano Cássio Camilo Almeida de Negri Aracy Duarte Ferrari Responsável pela edição da Revista:Ivana Maria França de Negri

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A NOITE CAI

Mônica Aguiar Corazza Stefani
Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
A noite cai,
cai das minhas mãos
e já não há mais tempo...
O tempo se foi,
as rosas já murcharam
com a lua cheia.
E a lua não brilha mais...

E, a noite escura,
aquela mesma lua de uma lua
daquela noite,
já não está mais lá.
Não sei onde buscar.
A escuridão tomou do tempo,
o que o tempo não foi
capaz de pegar...

E, daquela noite já não se vê mais nada,
E, ninguém mais quer saber,
de ter, e ler aquelas mãos,
que já não se sabe mais
onde irão parar
e quem irão amparar...

E, a noite cai
cai das minhas mãos....

sábado, 28 de janeiro de 2012

Vampiras e feiticeiras

 Carla Ceres Oliveira Capeleti
Cadeira n° 17 - Patrona: Virgínia Prata Gregolin 
Dizem que o século XIX foi a época áurea do vampiro literário. Para a tristeza das donzelas heterossexuais de mil oitocentos e água benta, essa informação não procede. Embora o romance Drácula, de Bram Stoker, tenha sido publicado em 1897, os personagens mais marcantes da época vitoriana foram as vampiras.
A partir de Drácula, a literatura e o cinema do século XX foram invadidos por vampiros cavalheiros, cada vez mais charmosos e emocionalmente complexos. As vampiras tornaram-se coadjuvantes, aparecendo como noivas vaporosas e/ou terríveis guarda-costas, no harém de um vampiro alfa.
Uns cem anos depois de Stoker, os vampiros rejuvenesceram. Enquanto alguns ganharam visual e conflitos semelhantes aos das atuais gangues de rua, outros chegaram ao século XXI, adolescentes e brilhando ao sol. Sejamos honestos, embora vampiros faiscantes ainda não sejam tradicionais, a presença de adolescentes faz sentido. Onde um vampiro encontraria uma donzela romântica se não fosse entre algumas garotas americanas, para as quais a virgindade voltou a ser uma virtude em si mesma? Como a sociedade politicamente correta reagiria à cena de um vampiro adulto seduzindo uma jovenzinha? Melhor fazer um vampiro também jovem, pelo menos na aparência.
Os vampiros mitológicos nasceram em várias culturas diferentes, espalhadas pelo mundo todo, muito séculos antes dos vampiros literários. Simplificando, o vampiro é um cadáver que suga o sangue dos vivos e pode transformá-los em novos vampiros. Por absurda que pareça hoje em dia, a existência de uma criatura assim fazia muito sentido quando foi imaginada. Os mortos apresentam uma palidez cuja causa, imaginava-se, era a falta de sangue no corpo. Se perder sangue é perder vida, obter sangue é continuar vivendo.
O instinto de sobrevivência nos diz que estar morto não é nada bom. Portanto os mortos, certamente, fariam o possível para continuar entre nós (visitando nossos sonhos e delírios febris) ou para levar-nos com eles. Prova disso era que, quando alguém morria e não se tomavam as medidas necessárias para manter esse alguém bem morto e quietinho, outras mortes ocorriam entre seus familiares, amigos e vizinhos. Em resumo, a crença em vampiros se relaciona com epidemias.
Dependendo da cultura à qual pertenciam, os vampiros e vampiras mitológicos eram vistos como entidades malignas ou divindades vingadoras, que puniam os homens por seus erros. Sob o domínio do cristianismo, passaram todos à categoria dos demônios pagãos, subordinados ao diabo judaico-cristão que podia ser combatido com cruzes, crucifixos, água benta, hóstia consagrada e preces.
Os vampiros literários do século XIX originam-se da fusão entre o vampiro da mitologia eslava e as crenças cristãs. O predomínio das vampiras está profundamente ligado aos quatro séculos de Inquisição, que terminaram apenas em meados do século XVIII, e tornaram as mulheres a personificação do mal.
Embora a Inquisição tenha torturado e condenado à morte milhares de homens, cerca de 85% de suas vítimas foram mulheres. As estimativas apontam desde cem mil até milhões de feiticeiras eliminadas. Um dos livros mais terríveis já escritos, “O Martelo das Feiticeiras”, ensinava como obter confissões e explicava que a mulher “é mais carnal que o homem, como fica claro pelas inúmeras abominações carnais que pratica.” E continuava: “Deve-se notar que houve um defeito na fabricação da primeira mulher, pois ela foi formada por uma costela de peito de homem, que é torta. Devido a esse defeito, ela é um animal imperfeito que engana sempre.”
Não é brincadeira. Esse livro foi o manual de instruções dos inquisidores. De acordo com ele, as feiticeiras adquiriam seus poderes após copularem com o demônio. Não adiantava os maridos permanecerem acordados, vigiando as esposas adormecidas. O demônio é invisível e a cópula ocorre sem ninguém ver. Se o marido não viu, é prova de que realmente aconteceu.
Feiticeiras e vampiros literários têm muito em comum: são sedutores, controlam animais noturnos, podem tornar-se invisíveis, temem objetos sagrados para o cristianismo. A Inquisição terminou e deixou mulheres submissas a maridos e espartilhos que mal lhes permitiam respirar. O feminino estava domesticado, porém até as donzelas mais pálidas e recatadas continuavam sendo mulheres, ou seja, malignas. Bastava que o mal se aproximasse e as seduzisse para voltarem a pecar. Saem de cena as feiticeiras do mundo real; surgem os vampiros e, principalmente, as vampiras na literatura.
A primeira vampira literária aparece em 1797, no poema “A Noiva de Corinto”, de Goethe. É uma jovem que morreu virgem, mas voltou como vampira para seduzir um rapaz. Em 1816, o poema inacabado “Christabel”, de Coleridge, é publicado e traz a primeira vampira implicitamente lésbica, Geraldine, que seduz a inocente donzela Christabel. A partir daí, lésbicas ou não, as vampiras reinam em contos e romances. Aos homens, cabe resistir a seu fascínio, transpassá-las com estacas e salvar donzelas.
Atualmente, duzentos e cinquenta anos depois de Inquisição, as donzelas literárias vão à forra e tratam de seduzir os vampiros.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

50 ANOS DE BONS SERVIÇOS

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado

Um conceito está muito em voga, hoje em dia, entre historiadores e sociólogos, é o de “espaço de sociabilidade”, o qual, juntamente com seu correlato “rede de sociabilidade”, vem sendo objeto de estudos. Um “espaço de sociabilidade” bastante curioso, muito presente no nosso dia-a-dia, é aquele constituído pelos restaurantes por quilo, que surgiram no Brasil há cerca de 20 anos e desde então tiveram extraordinário desenvolvimento. Tudo, na vida moderna, favorece esse gênero de restaurantes: a pressa com que geralmente se almoça, a praticidade com que se evitam os trabalhos caseiros de cozinha, a facilidade para quem deseja uma alimentação saudável e balanceada, e por isso prefere poder dispor de opções bem diversificadas.
Como espaços de sociabilidade, os restaurantes por quilo são um campo aberto e cheio de potencialidade, para quem se disponha a estudá-los. Aqui em Piracicaba, frequento quase diariamente o Galileo Grill, na Rua Prudente de Morais, onde fiz excelentes amizades e ampliei a minha “rede de sociabilidade”. Entre os bons amigos que ganhei, frequentando o Galileo, conto com muita estima o Sr. Antonio Vitti, que todos os domingos ali comparece com sua esposa D. Maria, a filha e duas netas. Sabendo que era irmão do nosso caríssimo Príncipe Lino, o dos poetas piracicabanos, foi fácil o contato, logo ficamos amigos. E todos os domingos, lá sempre tiramos nossos dois dedos de prosa, que para mim são muito prazerosos.
Acabo de receber, precisamente do Sr. Antonio Vitti, um presente precioso. Trata-se de um livro que publicou, intitulado “Das sombras à luz... – História da Comunidade São Domingos de Gusmão (50 anos de Trabalho e Fé)” e prefaciado pelo irmão, Acadêmico Lino Vitti.
É um pequeno grande livro. Tem apenas 95 páginas, mas um conteúdo denso e benéfico para o leitor. Neste mundo tão esquecido de Deus e das coisas do espírito, dá gosto ler o histórico de meio século de dedicação de uma família católica que, a partir da catequese de crianças, chegou a formar uma instituição sólida e a edificar uma igreja. Tudo isso aqui em Piracicaba, no Bairro Alto, bem perto do Centro.
Os Vitti, muito conhecidos nesta cidade e em toda a região, são de origem tirolesa, daquela região austríaca de onde vieram muitas das famílias que ainda hoje povoam o distrito de Santa Olímpia, Santana, Fazenda Negri e Viocil. São católicos por tradição e convicção, sempre muito dedicados em apoiar as obras piedosas da Igreja. Um dos irmãos do Sr. Antonio é, até, sacerdote.
Em 1960, o Sr. Antonio, congregado mariano ainda bem jovem, conseguiu de seu futuro sogro, Sr. Domingos Blanco, autorização para que fossem ministradas aulas de catecismo à sombra das árvores da chácara da família Blanco, que ocupava todo um quarteirão, entre as ruas Bernardino de Campos, Marechal Deodoro, Visconde do Rio Branco e Regente Feijó. A primeira turma de neófitos foi constituída por 60 meninos e meninas. A essa turma seguiu-se outra, depois mais outra e outras mais, até hoje.
Muito metódico e organizado, o Sr. Antonio já em 1961 promoveu a fundação formal de um Centro Catequético, com uma ata constitutiva assinada por diversas pessoas e contando com o apoio do pároco Mons. Martinho Salgot. Mais tarde, quando dividiu a chácara entre os seus vários herdeiros, o Sr. Domingos Blanco reservou uma área para ser doada à paróquia, a fim de nela se institucionalizar o centro catequético. Nessa área foi edificado um salão e, mais recentemente, uma capela. Os trabalhos catequéticos que deram origem à obra prosseguem, como disse, até hoje.
A história dessa instituição, que durante 50 anos vem sendo conduzida como anexo à Paróquia do Bom Jesus e sempre contando com o apoio e generosidade dos Vitti, é narrada nesse livrinho tão singelo e, ao mesmo tempo, tão rico e revelador. Foi tipicamente uma iniciativa de leigos, num século em que o laicato ganhou tanta expressão na Igreja Católica.
O nome oficial da instituição, que consta do título do livro, é Comunidade São Domingos de Gusmão, santo espanhol do século XIII, fundador da Ordem dos Pregadores (dominicanos). Na pg. 21, o autor explica a razão dessa escolha: Domingos era o onomástico do benfeitor, Sr. Blanco, que era filho de espanhóis; e era também espanhol Mons. Salgot.
Entretanto, uma coisa não me ficou clara. Na ata de fundação, reproduzida em fac-símile nas páginas 15 e 19 do livro, a instituição era denominada “Centro de Catecismo São Domingos Sávio” – o que era muito explicável, já que São Domingos Sávio, santo do século XIX falecido com apenas 13 anos de idade, aluno de São João Bosco e, como este, natural de uma aldeia próxima a Turim, norte da Itália, também foi catequista e exerceu seu apostolado com crianças.
Vê-se, portanto, que ocorreu, em algum momento da história, uma substituição no patrono da instituição. Um São Domingos foi trocado por outro. Entre santos do Paraíso, obviamente, não há rivalidades nem disputas... Não ficou nem um pouquinho menor a glória eterna de São Domingos Sávio por ter sido seu nome substituído pelo também glorioso São Domingos de Gusmão. Mas permanece a dúvida: por que essa substituição?
Acredito que esse é um ponto que o Sr. Antonio, melhor do que ninguém, pode nos esclarecer. Espero que já no próximo domingo, quando o reencontrar no Galileo, ele me esclareça isso... Espero também que a obra meritória da Comunidade São Domingos permaneça por muitas e muitas gerações de Vitti. E que o ótimo livro do Sr. Antonio tenha, também, muitas e muitas reedições.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Entrevista no site Cultural Diário do Engenho por Alexandre Bragion - Ivana Negri em Prosa e Verso


entrevista concedida para o


Premiada em diversos concursos literários nacionais, a escritora Ivana Negri é uma árdua defensora dos animais. Dedicada também à literatura voltada às crianças, Ivana preocupa-se com a formação do leitor piracicabano - sendo uma incasável colaboradora dos jornais impressos locais.

Solícita, a escritora gentilmente conversou com o Diário do Engenho - batendo um bapo delicioso, que você confere agora. Com vocês, a escritora piracicabana Ivana Negri!

[D.E]: Olá, Ivana! Em primeiro lugar, quero agradecer a você – em nome do Diário do Engenho – pela gentileza em bater este papo com a gente. Obrigado! Como você é uma colaboradora do nosso site, então começo perguntando se você tem o costume de ler jornais na internet. O que você acha desse universo multimídia?

Acho apaixonante esse leque de opções que a internet nos oferece. Muitas notícias que são sonegadas aos leitores do jornal impresso, são exploradas na mídia virtual. Blogs, sites, redes sociais, jornais virtuais, são a imprensa livre que não gasta papel. Talvez num futuro nem tão distante, o jornal impresso seja extinto. Nem teremos tantas florestas para derrubar a fim de transformá-las em papel.

[D.E]: Você colabora também com os jornais impressos de nossa cidade. Há quanto tempo você escreve para esses jornais? Já faz um bom tempo, não é? Que frutos você já colheu dessa experiência?

Sou colaboradora de vários jornais impressos, não só em Piracicaba, mas em outras cidades também. Sou colaboradora, como articulista, da GAZETA de Piracicaba. Também escrevo artigos para a TRIBUNA PIRACICABANA, além de coordenar uma página literária semanal há 12 anos em parceria com o escritor Ludovico da Silva. No JORNAL DE PIRACICABA, colaborei por 15 anos, mantive uma coluninha educativa infantil no Jornalzinho por dez anos e, também, por quase 5 anos, dei continuidade à coluna literária que a poetisa Maria Cecília Bonachella coordenou por 27 anos.

[D.E]: No ano passado, em 2011, você deixou de comandar uma página importante em um conhecido jornal impresso aqui de Piracicaba. Isso te afetou de alguma forma? Você acha que os jornais estão perdendo o interesse em autores locais?

Naturalmente, a literatura veiculada por um jornal impresso repercute mais porque grande parte da população de Piracicaba ainda não está habituada a utilizar mídia digital. A luta da cultura é árdua, e é preciso ocupar todos os espaços oferecidos para que mais pessoas possam ter acesso a textos de qualidade e que não visam comércio e sim retorno cultural.

Ciclos se encerram, páginas são viradas, mas sempre fica a experiência que será utilizada em novos projetos. Uma porta se fecha, outra se abre, nada permanece para sempre. Comandar uma página literária sempre acrescenta e eu sai enriquecida. Um jornal tem que dar espaço aos escritores locais para não perder a identidade.

[D.E]: Na Tribuna Piracicabana – um dos mais tradicionais da cidade – você felizmente coordena a página “Prosa & Verso.” Você poderia comentar um pouco sobre essa página e sobre a Tribuna?

A TRIBUNA abre um espaço importante para a divulgação da produção literária local. Penso que os leitores são ávidos para saber o que acontece aqui na terrinha, e tem muita coisa acontecendo! A Prosa & Verso, uma página inteira a serviço da literatura, é publicada há 12 anos.

[D.E]: Evaldo Vicente e Erich Vallim Vicente – o editor da Tribuna – sempre garantiram um espaço para os cronistas piracicabanos, não é? Isso faz da TRIBUNA um jornal mais piracicabano?

Certamente! Quem escreve quer ser lido e as crônicas de autores piracicabanos versam sobre os acontecimentos locais. A TRIBUNA é um jornal-família onde pai, mãe, filhos, netos, todos participam das edições e existe diálogo direto com leitores, colaboradores e escritores que são a voz da sociedade.

[D.E]: E sobre os seus escritos? Quais as novidades e projetos para 2012? Algum livro em andamento?

Muitas novidades! Recebemos – eu, Carmen Pilotto e Leda Coletti – um importante apoio da FEALQ (Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz) para a edição em Braille de nosso livro infantil, um sonho antigo nosso e da Maria Emília, escritora que faleceu precocemente, mas consta no livro. E Carmen e eu estamos finalizando mais um livro para crianças, desta vez bilingue. Hoje em dia, conhecer mais de uma língua é fundamental. E as crianças têm muita facilidade para aprender outras línguas.

[D.E]: De onde você tira ou onde você busca motivos e “inspiração” para seus escritos?

Tudo pode ser um bom motivo para escrever. A inspiração chega quando menos se espera. A alegria inspira, a tristeza inspira, a natureza inspira, até a política pode gerar bons temas para serem desenvolvidos.

[D.E]: Você tem algum hábito mais rígido na hora de escrever? Você tem alguma rotina de escrita?

Não, depende muito do momento. Um texto pode surgir numa fugaz e arrebatadora inspiração. Mas, muitas vezes, é a indignação ante os acontecimentos que gera os artigos mais eloquentes.

[D.E]: Você acompanha os autores contemporâneos nacionais? Que tipo de leitura você gosta? Há algum autor que seja o seu preferido?

Não tenho um autor preferido, gosto de passear pelos temas, pelos assuntos, pelos autores antigos e atuais, para ter uma visão ampla e global.

[D.E]: Que sugestão você daria aos professores que tem de lidar com a questão da leitura em sala de aula? Você acha que há como incentivar o hábito de ler – de forma a formarmos leitores mais produtivos e ativos?

Sim, a leitura é fundamental! Melhora o vocabulário, a escrita, e aumenta o conhecimento de forma geral. Quem não lê não tem espírito crítico. E é na infância que se criam os hábitos. Hoje em dia os professores têm que ser bastante criativos para incentivar a leitura, até porque, as crianças estão plugadas na internet mais do que os adultos, pois já nasceram na era da informática e das redes sociais.

[D.E]: Abraço para você! E o obrigado pela entrevista!

Sou eu quem tem de agradecer a oportunidade de estrelar no Diário do Engenho. Obrigada!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

No Parque da ESALQ

Antonio Carlos Fusatto
Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda

(Monólogo escrito por ocasião dos 100 anos da
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”)

Rebuscando meus alfarrábios, encontrei anotações, de um tempo não muito distante, de uma das últimas caminhadas que o “destino” me permitiu fazer pelo parque da ESALQ, em busca de vigor físico e harmonia espiritual.
Cenário deslumbrante!
Aqui, ali, acolá, estouros de cores balouçantes ao vento ameno. É primavera, gargalhando flores em toda parte, tornando a natureza um poema de bucólica beleza, um painel multicor que somente o Grande Arquiteto do Universo sabe pintar.
Sol em ouro escaldante incendeia a terra, embora a manhã apenas esteja começando.
Grande quantidade de pessoas, divididas em pequenos grupos ou casais, caminham tagarelando pelo parque, indiferentes à misteriosa magia que as cerca, jovens estudantes, alegres e brincalhões, caminham para as aulas “num ritual cotidiano”, afinal estão vivendo a “primavera” de suas existências.
Inconstantes ventos tépidos parecem carregar ânforas de perfumes sobre os vergéis, inundando tudo com a fragrância da estação. Céu azul e nuvens gigantescas emolduram a paisagem multicor, onde flores jovens por toda a campina tremulam ao suave toque de audaciosos insetos.
Caminho mais um pouco; paro, observo, sinto a inconstância do vento batendo em meu rosto como a segredar alguma coisa, tento entrar em sintonia com esta Egrégora Cósmica... Mais adiante, o velho e saudoso bonde, ainda bem conservado em seu “pedestal” no meio de um jardim.
O pensamento vagueia pelo tempo e direciona a atenção para o passado: ouço seu ruído inconfundível sobre os trilhos da Rua São João, sinto seu balanço, carregado de irrequietos e até irreverentes agricolões, revejo as normalistas do Normal Rural, em seus uniformes impecáveis, os calouros (bichos) caras-pintadas, saltando dos estribos para fugir dos veteranos, e ouço o sino tocado pelo cobrador a cada passagem recebida.
Essas recordações fazem vibrar a sensibilidade de minh’alma, tocam-na até o âmago. Recomponho a mente e observo que não estou mais sozinho neste local pictórico; jovem nubente posa feliz para as câmaras de prestigioso fotógrafo.
Enquanto filhotes de pássaros chilreiam num ninho que balouça em baixo ramo, expondo a doçura da penugem que guarnece suas gargantas, do alto das árvores, trinados dos sabiás e arrulhos das rolas completam a sinfonia da vida, aumentando a magia do parque.
Mais acolá, a antiga casa do diretor, hoje o bem cuidado museu da ESALQ, onde relíquias históricas da velha escola são conservadas com carinho e devoção quase religiosa. No lago à frente, a nostalgia profunda de uma solitária garça pousada à beira.
O tempo passa lento, continuo minha caminhada, a maioria dos habituais caminheiros do parque foi embora.
A grandeza majestosa das enormes árvores plantadas durante décadas por turmas de formandos ergue-se para o céu em constante e silenciosa oração; lembrança viva daqueles que aqui passaram...
A orquestra da natureza não pára; emite acordes sonoros, provocando neste uma emoção misteriosa, sou espectador e protagonista deste belo espetáculo de vida. Não muito longe, sob a melodia inconfundível da cascata do Piracicamirim, bandos de pássaros bailam pelas nuvens, formando desenhos no ar.
O bem cuidado parque da ESALQ Piracicaba é um santuário ecológico no coração da cidade.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Acadêmico André Bueno Oliveira entrevistado pelo também acadêmico João Nassif

Entrevista: André Bueno Oliveira na TRIBUNA PIRACICABANA
em 15/01/2012
André Bueno Oliveira fala sobre sua vida, experiências profissionais, contato com a arte, política e casamento homossexual em entrevista a João Umberto Nassif

Foto: João Nassif - André Bueno Oliveira e sua última obra lançada

Juiz de paz, escritor, poeta, músico e contabilista. André Bueno Oliveira é imortal da Academia Piracicabana de Letras. Lançou recentemente sua obra “Herança de Poeta”. Realizou 12 coletâneas espontâneas, 11 coletâneas por vitórias em Concursos Literários, Premiações e Menções Honrosas em Piracicaba, Tatuí, São da Boa Vista, Cerquilho, Itapetininga, e outros estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. A partir de 1988 começou a publicar seus poemas nos jornais A Tribuna Piracicabana e Jornal de Piracicaba. André atuou por décadas como contabilista na empresa Mausa. Pode-se afirmar que é um intelectual de números e letras. Após aposentar-se, assumiu a carreira de juiz de paz. Nasceu no dia 8 de julho de 1945, em Laranjal Paulista, popularmente conhecido como Capela de São Sebastião, à margem direita do Rio Tietê. Filho primogênito dos cinco filhos do casal Adriano Bueno de Almeida e Ana Oliveira de Almeida, quando André tinha três meses de idade sua família mudou-se para Piracicaba. Seu pai passou a trabalhar como serventuário na Escola Senai, na rua Dr. Otávio Teixeira Mendes, próximo ao atual Terminal Urbano.

A família do senhor mudou-se em que ano para Piracicaba?
Foi no final de 1945, mudamos para a Avenida Madre Maria Teodoro, esquina com a rua Maria Nazareth, abrangendo a área onde hoje se situa a Papelaria Takaki. Essa área pertencia ao meu avô materno João Francisco de Oliveira. De lá mudamos para a rua Fernando Souza Costa, a cinqüenta metros da Rua Marquês de Monte Alegre. Em seguida mudamos para a rua São João, quase esquina com a rua Dom Pedro I, na Vila Furlan. Era uma vila contendo seis casas, três de cada lado. Essas casas existem até hoje.

As primeiras letras o senhor aprendeu em que escola?
Foi no Sud Mennucci. Minha primeira professora, Dona Hilda, exerceu grande influência na minha atividade literária, não sei por qual razão, mas ela decidiu que eu tinha muita aptidão para recitar poemas. Para a comemoração da Proclamação da República ela deu-me um poema para declamar no pátio da escola, envolvendo alunos de outras classes da escola.

Após a mudança de local de residência onde o senhor passou a estudar?
Do segundo ao quarto ano primário estudei no Grupo Escolar Doutor João Conceição, ao lado da Igreja dos Frades. No segundo e terceiro ano tive aulas com Dona Alzira Petz Prado, ela também me incentivou para a atividade poética. Eu não fazia isso por gosto e, sim, por obrigação, sempre tive capacidade para decorar os poemas. Dona Alzira me deu um poema chamado “O Casamento do Pato”, uma história engraçada, com um dialogo bem caipira.

Após concluir o curso primário aonde o senhor continuou seu estudo?
Fui para o Seminário São Fidelis, meu pai sempre foi muito religioso, era Mariano, por muito tempo ele trabalhou na Igreja São José, no conceito dele, o ofício de padre era uma atividade muito importante. Fui para o seminário com 11 anos, é difícil haver vocação nessa idade, isso para qualquer profissão. Os quatro anos de ginásio eu estudei como interno no Seminário Seráfico São Fidelis. Fui para Mococa para estudar o Clássico, voltado para Ciências Humanas.

No período em que o senhor permaneceu como interno no Seminário Seráfico São Fidelis, a sua família residia também em Piracicaba. O fato de estar interno e ter a família na mesma cidade provocava alguma nostalgia?
Eu não senti isso no período em que estive interno, a nossa família era de origem muito pobre. No seminário, encontrei dois ou três campos de futebol, jogava como ponta direita, tinha basquete, campo de tênis, piscina, os passeios mensais. Em média havia uma centena de alunos, divididos por turmas, conforme a faixa etária. Lá aprendi latim, grego, um ano de italiano, francês, inglês.

O senhor ajudou a celebrar muitas missas, lembra-se da introdução?
“Introibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventutem meam!” (tradução - Subo ao altar de Deus, o Deus que alegra minha juventude). Usei o turíbulo, na época era uma diversão poder usa-lo nas cerimônias, era uma honra, havia disputa entre os coroinhas para poder utilizá-lo.

O senhor concluiu o clássico em Mococa?
Quando passei para o terceiro ano do curso clássico, saí de Mococa. Eu deveria ser removido para realizar o terceiro ano clássico em Nova Veneza, nesse intervalo acabei mudando de idéia. Fiz seis meses do terceiro ano clássico no Sud Mennucci. Só que pelo fato de ser o filho mais velho, tinha que ajudar a compor a renda familiar.

Onde foi o primeiro trabalho do senhor?
Foi no Cartório de Notas do Mozart Aguiar, ao lado do Cine Politeama. Meu serviço era datilografar escrituras. Entrava às cinco horas da tarde, pegava os livros onde eram redigidos os documentos e os transcrevia para as cópias. Éramos dois, mantínhamos em ordem, no máximo às sete horas da noite estávamos indo embora. Só que eu necessitava arrumar um emprego em período integral, onde pudesse ter um salário melhor. Entrei na Mescli, Metalúrgica Santa Cruz Ltda. O proprietário majoritário era o Danelon. Permaneci na empresa até o período em que ela entrou em declínio. Minha atividade era a de auxiliar de custos. Em setembro de 1963 entrei para a Mausa. Em 1964 fiz o Tiro de Guerra.

O senhor estudou contabilidade?
Quando entrei na Mausa, fiz a migração do curso clássico para o técnico de contabilidade. Sem perder o que já havia estudado. Não consegui, tive que fazer o Curso Técnico de Contabilidade desde o início no Instituto Piracicabano. Fui aluno de Henrique Cocenza e Barjas Negri.

Como era o Professor Barjas Negri?
Bem exigente. O Cocenza era descontraído, como sempre foi.

O cipoal de leis instituídas pelo governo sempre existiu?
Sempre. Não tínhamos os recursos de informações existentes hoje, nossos recursos eram em primeiro plano o Diário Oficial, a parte fiscal da nossa empresa era muito bem organizada, tínhamos contadores na área fiscal, na contabilidade geral, recursos humanos. Tínhamos que ter tempo para ler o Diário Oficial, tanto do Estado como da Federação, assim como as revistas da época: IOB, Mapa Fiscal.

Como o senhor vê essa diversidade de leis?
Acredito que isso atrapalhe o desenvolvimento do país.

Essa profusão de leis existe por diletantismo de quem as elabora ou por interesses nem sempre muito claros?
Acredito que seja por interesses não muito claros. Tem muito legislador que nem sabe o que ele está aprovando, mas está aprovando algo que irá beneficiar alguém.

É onde entram os famosos lobistas pessoas com boa articulação que promovem facilidades usando conhecimentos pessoais e obtendo lucro pessoal com isso.
Exatamente. Quem manda no país de verdade? Quem sabe dizer com exatidão quem manda? São os legisladores? Os deputados federais? Estaduais? Ministros? Eu acredito que quem manda mais é aquele que faz o país produzir.

Como é explicar á um estrangeiro o funcionamento da nossa legislação?
Nem tem como explicar. Ouvimos dizer que em outros países as coisas são mais simplificadas, só não temos como afirmar o quanto é simplificada a legislação de determinada nação. Que a nossa é complexa demais, não resta a menor dúvida. Até para especialistas em leis, como era o nosso caso, percebia-se que havia muita coisa, e diversas delas desnecessárias.

O Brasil era tido como o “país do futuro” parece que o futuro chegou, as empresas estrangeiras estão voltando seu olhar para o Brasil. Só que o choque delas com relação ás leis é muito forte.
Por isso são criados incentivos momentâneos para as empresas que vem de fora. Depois que ele aceitar e se instalar, decorrido o tempo determinado pelo incentivo ele terá que se enquadrar na burocracia do país. Irão ter que se adequar a realidades que não estão acostumados a viver em outro país. Muitas vezes tínhamos que resolver problemas que não estavam dentro da nossa esfera de decisão consultávamos as fontes seja estadual, federal. Muitas vezes, os próprios fiscais diziam que aprendiam conosco, pois levávamos problemas que eles nunca tinham visto na literatura fiscal.

Como o senhor passou a ser juiz de paz?
Em 1995 eu me aposentei e o José Flavio, do Primeiro Cartório de Registro Civil, ficou sabendo que eu estava aposentado e me convidou.

Para ser proprietário de cartório o que é necessário?
Antigamente cartório era hereditário. Hoje já não é mais. Quando o oficial do cartório se aposenta, o cartório vai a concurso público. O cartório de registro civil basicamente faz o registro de nascimento, casamento e falecimento. Faz também reconhecimento de firma.

O senhor se lembra quando oficializou o primeiro casamento? E a primeira diligência?
Em ambas as situações eu levei o texto escrito. Geralmente o cartório agenda os casamentos para sexta feira e sábado.

Em que mês se casa mais?
Em dezembro.

O mês de maio não é o mês das noivas?
Já foi. A quantidade maior de casamento sempre foi em dezembro, isso porque é verão, tem décimo terceiro salário, férias, se quiser fazer a lua de mel em uma praia irá ter certeza de que não vai passar frio.

Estamos sendo iludidos há muito tempo, quando a mídia diz que maio é o mês das noivas?
Não acredito que seja ilusão intencional, mas sim falta de conhecimento de causa para passar essa informação.

Em grandes centros há o casamento civil e o cerimonial que deveria ser feito em uma igreja por um religioso, é feito por um amigo do casal, geralmente um bom orador. É um casamento sem nenhuma validade sacra.
Há um bom número de casamentos realizados apenas no civil, principalmente por haver algum impedimento religioso para a união do casal. Hoje é muito comum o Juiz de Paz realizar diligências, que é oficializar o casamento em locais pré-determinados, como chácaras por exemplo. O casamento religioso é feito apenas por aquele que tem autoridade religiosa.

O senhor já realizou casamentos entre pessoas do mesmo sexo?
O que chegou até agora ao meu conhecimento é que a legislação determina direitos civis equivalentes a ambos, legalmente. Até o presente momento no nosso cartório ninguém nos procurou. Se a lei determinar que seja válido o ato de realizar o casamento de pessoas do mesmo sexo, somos obrigados a realizá-lo.

É costume, ao casar a mulher agregar o nome do marido, é possível o marido agregar o nome da esposa?
O homem pode incorporar o sobrenome da esposa ao seu nome. Isso já aconteceu no cartório diversas vezes. Pessoalmente não considero isso prático, pois a pessoa terá que alterar seu nome em todos os documentos, inclusive no certificado de reservista. O fundamento dessa atitude em assumir o nome da esposa e vice-versa é tido romanticamente como uma reciprocidade de carinhos.

domingo, 15 de janeiro de 2012

PHARMACIA E ODONTOLOGIA 1914/1935

Waldemar Romano
Cadeira n° 11 - Patrono: Benedicto de Andrade
Sem inspiração poética, carente do espírito de contista, assíduo leitor e grande admirador dos bons cronistas, resta-me atender à solicitação da Diretoria da Academia Piracicabana de Letras, oferecendo para publicação nesta edição da Revista, matéria de natureza histórica que, acredito, possa ser novidade para elevada parcela dos possíveis leitores.

ESCOLA DE PHARMÁCIA E ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

Em 18 de Novembro de 1914, reuniram-se no Teatro Santo Estevão diversas personalidades de Piracicaba, entre elas médicos, cirurgiões-dentistas, agrônomos, professores da Escola Normal e ou¬tros, para a fundação da Escola de Pharmacia e Odontologia, tendo assumido a presidência Torquato Leitão e, como secretários, Oscarlino Dias e Octavio Mendes.
Foram formadas diversas comissões das quais participaram Cândido de Camargo, João Olavo, Jorge Augusto da Silveira, Honorato Faustino de Oliveira, o farmacêuti¬co Samuel Neves, Júlio Marcondes Guimarães e Roque Salles de Lima. Inicialmente a Escola foi ins¬talada no prédio da Sociedade Be¬neficente Operária, à rua Piracicaba, e as aulas tiveram início no ano seguinte, sendo que a Diretoria foi constitu¬ída em 10 de janeiro de 1915, por Jorge Augusto da Silveira, Cândido de Camargo e Júlio Marcondes Guimarães. Em 1915, foi enviado ofício à admi¬nistração municipal, solicitando doação de um terreno à rua Esperança.
Em 27 de novembro de 1916, houve a entrega de diplomas, em sessão solene no Teatro Santo Estevão, da primeira turma de formandos desta Escola, pois o Curso, pela Lei Rivadavia, era de dois anos. Os qua¬dros de formatura, executados pelo artista José Álvares Cienfuegos e pelo fotógrafo Luiz Sacconi, ficaram expostos na Casa Giraldes.
Em 3 de julho de 1919, a Escola passou a funcionar à rua XV de Novembro, 33. Em 17 de junho de 1923, foram inauguradas as novas insta¬lações da Escola, à rua Alferes José Caetano, 190-A, cuja numeração a partir de 1940, passou a ser 1167, em um prédio hoje demolido, onde funci¬ona um estacionamento para veículos, sob n° 1153.
Durante alguns anos, houve divergências entre os profissionais an¬teriormente instalados na cidade e os responsáveis pelo funcionamento da Escola, pois as recentes leis promulgadas estabeleceriam maiores exigên¬cias para o exercício da profissão.
Para a continuidade da Escola foram positivos os trabalhos do piracicabano senador João Sampaio e Jacob Diehl Neto. Por outro lado, o deputado Samuel Neves omitiu-se por completo na Câmara dos Deputados.
As Administrações Municipais de São Paulo, Ribeirão Preto, Itapetininga, Pindamonhangaba e Jaboticabal auxiliavam suas escolas de Odontologia, o que não ocorria com essa, da cidade de Piracicaba.
Em 28 de março de 1927, o Correio Paulistano publicou telegrama recebido do Rio de Janeiro: “O Sr. Ministro da Justiça concede equiparação aos institutos federais congéneres à Escola de Odontologia de Piracicaba, cuja denominação a diretoria mudou para Escola de Odontologia " Washing¬ton Luiz”.
Em maio de 1929, a Escola adquiriu o prédio onde residiu o Dr. Prudente de Moraes, à rua Santo António, esquina com a rua 13 de maio (hoje, rua Santo António, 641, sede do Museu Histórico e Pedagógico Pru¬dente de Moraes).
Em 1930, diplomou-se Carlos Aldrovandi, orador de sua turma e mais tarde professor de Prótese da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo. O professor Aldrovandi foi o diretor instalador da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, simultaneamente à instalação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (F.F.O.P), na década de 1950.
A Escola de Odontologia Washington Luiz passou a chamar-se Escola de Odontologia Prudente de Moraes, a partir de 6 de julho de 1931, sendo oficializada pelo Decreto-Lei Federal n° 20179. Após a revolução constitucionalista, Getúlio Vargas fechou as Escolas de Odontologia, a maioria funcionando de forma irregular.
Em 1935, a Escola de Odontologia Prudente de Moraes encerra as atividades. Esse estabelecimento de ensino, que projetou Piracicaba duran¬te duas décadas, deve sua existência a Jorge Augusto da Silveira, cirurgião-dentista formado pela Escola de Pharmacia e Odontologia D'O Granbery, de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais. Idealista, viu a Faculdade evoluir graças à sua abnegação e sacrifício, pois muitas vezes colocou verbas pes¬soais para mantê-la. Posteriormente mudou-se para a cidade de Santos, onde hoje encontram-se alguns de seus descendentes.
Em 1999, o Dr. Elias Rosenthal, cirurgião dentista instalado na Capital, como Diretor do Instituto Museu e Odontologia de São Paulo, solicitou ao Dr. Reinaldo J. F. Salvego, de nossa cidade, que pesquisasse de 1914 a 1935, no Jornal de Piracicaba, as publicações referentes a esta Instituição de Ensino; este, dedicado como sempre, o fez de forma metódica e o Dr. Elias organizou o histórico. Foram ainda conseguidos importantes registros no primeiro cartório da comarca de Piracicaba, bem como, através do Prof. Guilherme Vitti, cópias de documentos e atas da Câmara Municipal. Esta documentação, doada pelo Dr. Elias Rosenthal, consta do acervo do Museu odontológico “Dra. Grace H. C. Alvarez”, setor cultural da APCD Regional Piracicaba e que conta apoio do SOPRE (Sindicato dos Odontologistas de Piracicaba e região) e da Uniodonto de Piracicaba. Atualmente, por convênio com a Unicamp, ocupa amplo espaço no prédio da Rua D. Pedro II, 627, aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Aforismos sobre o amor e a paixão

Elias Jorge
Cadeira n° 22 - Patrono: Erotides de Campos


Deus criou a mulher como se fosse seu primeiro poema de amor

Foi ao luar que colhi e amei a mais linda das orquídeas.

A cada instante a saudade de um velho amor se renova.

Nada supera a beleza do amor: ele é o essencial em qualquer plano.

Ninguém pode definir o amor, pois ele é indefinível.

No amor tudo é imenso no simples gesto, e até no ensaio de um sorriso.

Será sempre amado, quem ama, se souber por que é amado.

De todas as dores, a dor do amor é a mais dolorosa, porque é perene.

Para se chegar ao coração de uma mulher, exale o aroma de seu amor.

Ao coração primaveril, ferido pelo amor, restará a secreta cicatriz.

Porque não te esqueci, posso sentir-me acariciado por ti.

Amante das horas de paixão, eu coleciono os segundos de prazer.

Quando estou apaixonado, navego no éter da imaginação e me sinto infinito.

Na paixão há um aroma doce no começo e quase sempre amargo no seu final.

Sobrevivi às minhas paixões, mas padeço de seus efeitos colaterais.

Eu quero seus beijos, todas as madrugadas, com sabor de orquídeas e orvalhos.

Verdes são os olhos, verdes que eu amo verdes, verdes no verdor da paixão.

De tudo que envelhece, a paixão é a mais frustrante.

Numa relação, a paixão pode induzir ao erro; o amor, sim, leva aos acertos.

Amo tanto a poesia, que nos casamos de papel passado.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

SENHOR EMBAIXADOR

João Umberto Nassif
Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
O raio de luz penetrando pelas frestas trazia um pouco de oxigênio e esperança, as sirenes gritavam, os motores das pesadas máquinas roncavam, cães latiam, vozes indefinidas ecoavam. Os ombros estavam presos em um abraço de concreto. Sentia-se em uma camisa de força. À sua frente projetava-se um filme, um menino de pés no chão, calça curta, corria atrás de uma bola, uma voz o chamava: “– Neco! Venha tomar tomar banho!” O pé de jabuticaba, com tantas frutas docinhas. A cerca de bambu quase tombando com o peso do pé de chuchu, carregadinho. Quantos cavalinhos ele poderia fazer com aqueles chuchus! Bastava colocar quatro pedaços de taquara e pronto! Estavam em pé para a batalha! A mangava voava fazendo um barulho forte com o movimento das suas asas. Dona Madalena estava junto ao fogão improvisado, feito com tijolos, ali estava sendo preparado o sabão feito em casa. Sebo, cinza de fogão a lenha, soda cáustica, água e fervura. O cheiro forte invadia o ar pesado. Depois do cercado a Mimosa mascava o capim, um processo interminável. Lembrava muito quando Chiquinha mascava o chiclete. O chão encharcado formava um lodo negro, macio, quando pisavam nele o barro subia pelos vãos dos pés nus. O trabalho no armazém do Seu Candinho, logo cedo o café com pão e margarina. Um pedaço de fumo de corda para o Nicolau. A conversa sem fim do Zé do Prego. O cheiro de pão fresco invadia o ar. Seu Candinho arrastando o chinelo, Dona Creusa com óculos de aro preto e lentes grossas conferindo os números, era dia de receber as cadernetas dos clientes. Aquilo tudo era tão igual, todos os dias a mesma coisa, mais parecia um quadro pintado pelo Zé do Bode. O amor de Ritinha, que fechava os olhos quando ria. O dia em que vestiu a farda no quartel. Motorista do Tenente Jorge, nunca tinha visto nada igual, um militar no exército brasileiro, descendente de japonês, que dava ordens sorrindo, advertia sorrindo, expulsava sorrindo. Seus desafetos diziam que ele só chorava quando fazia amor com sua mulher! O ingresso na universidade. A liderança estudantil. O baile de formatura dançando com Denise, o aroma do perfume era inesquecível. O ingresso no Instituto Rio Branco. O professor Zé Barata, que tinha uma fotografia de fraque e cartola junto à Rainha Elizabeth da Inglaterra. Chico Brilhantina dava aulas de ética governamental. Mané Cascadura, sujeito intragável, nariz empinado. O aroma do perfume de Denise tornou-se mais forte. Já não sentia mais nada da cintura para baixo. Que raios de coisa estava fazendo naquele país de gente briguenta? No começo era tudo muito bonito, depois um maluco assumiu o governo. Tinha pedido transferência para outro continente, mas o momento não lhe era propicio. Dias Menezes, ministro da pasta não queria mexer em nada naquele momento. Cada diplomata ficaria onde estava. Ele poderia estar em Nova Iorque, Londres, Paris. Mas estava naquele fim de mundo. O cheiro de sabão caseiro invadiu-lhe as narinas. Acho que Dona Madalena vai fazer mais uma tachada hoje. O beijo de Ritiinha. O perfume de Denise. Já não tinha mais forças para mexer o pescoço. Um estalo. Escureceu tudo.
Ritinha em Belém, Denise no Rio de Janeiro, Dona Madalena em Confins, sentadas em frente a televisão abrem a boca em um espanto só, o apresentador dá a noticia:
“O Brasil perde um dos seus mais valorosos diplomatas, faleceu hoje soterrado nos escombros após um bombardeio o embaixador Célio Alves de Lima, o presidente da república decretou luto oficial por três dias”. Ritinha passa o batom, Denise abre o vidro de perfume e espalha algumas gotas sobre o braço. Dona Madalena lembra que amanhã tem que comprar mais soda cáustica para fazer sabão. Célio teve o seu corpo transladado para o Brasil, velado em câmara ardente, seu caixão coberto com a bandeira nacional. As televisões exploraram o assunto até a exaustão, transformaram o diplomata no candidato a santo, assim como no passado fizeram com alguns políticos, raposas de pelo longo, que morreram no poder e foram pranteados na comoção popular estimulada pela mídia ávida de emoções baratas, que caem no gosto popular. Autoridades desfilaram ante o caixão, com olhos vermelhos de choro forçado ou aguardente, sabiam que naquele momento estavam faturando a tão preciosa visibilidade popular. O cheiro de vela queimando, misturado ao de flores, a grande massa popular querendo chegar junto ao caixão, tudo era um convite para sair ao ar livre. Alunos do Itamaraty presentes no féretro, imaginavam se um dia estariam na mesma condição: herói morto. Adeus viagens, recepções, contatos com pessoas importantes de outros países. Só restava o perfume de Denise e o batom vermelho de Ritinha. Na praça recém inaugurada um morador se rua se acantona na base da herma do Senhor Embaixador. Um cão que lhe faz companhia espanta as pulgas. Em um país muito distante as bombas continuam a matar inocentes. A humanidade segue em sua rotina habitual.

domingo, 8 de janeiro de 2012

AS TRÊS MARIAS

 Marisa F. Bueloni
Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade


Da janela grande de vidro blindex da minha cozinha, vejo as Três Marias. Vejo outras estrelas, Alfa Centauro, Betelgeuse Canopus, Aldebarã, Electra, Gianfar, Vega e Intrometidas que se intrometem na minha cozinha espacial. Acha que vi todas estas? Oras, apenas gosto dos nomes delas.
Não vou dormir esta noite. Porque da janela da minha cozinha, posso ver as estrelas noturnas acenando para mim. Vi quando piscaram um olho. Desmaiei. E quando dei por mim, Deus existia.
Foi um momento de puro êxtase. Tomei um copo d´água, e era o mais caro dos champanhes; passei creme de ricota numa torrada e era um caviar raríssimo; pensei em alguma coisa e foi a ideia mais luminosa e inteligente do planeta.
Não pensei em nada, não peguei a torrada, não tomei o copo d´água. Nada. Fiquei quieta, ouvindo as estrelas falando comigo a linguagem dos Anjos. Eu o vi. O meu Anjo. Ele estava muito, muito distante. E eu chorei.
Ah, meu Pai de infinita bondade! Estrelas me mordam!
O ano novo começou! E agora? E agora, José?
E agora, Alexandre?
E agora, Nagao?
E agora, Marcílio?
E agora, Leonel?
E agora, Marilena?
E agora, Cinthya?
E agora, Maria Balé?
E agora, Souza Freitas?
E agora, Márcio Xavier?
E agora, Barreto?
E agora, Ângela?
E agora, Valéria?
E agora, Vivina?
E agora, Luca?
E agora, Denise?
Finalmente, 2012 chegou. Com aquele jeitão de velho ano novo. Feliz ano velho? Ó céus, ó vida – a hiena insofismável da Hanna-Barbera ressoa em meus ouvidos ainda hoje. Tempos dantanho.
Com o ano novo, chegam todas as profecias, todos os prognósticos e previsões – as visões apocalípticas de um mundo que vai se transformar, de um planeta entrando nas suas dores de parto, contorcendo-se para dar à luz uma Nova Terra.
Na missa da noite de 31 de dezembro, frei Saul diz na homilia: “Gente, não muda nada; apenas o ponteiro do relógio. Amanhã é amanhã; depois de amanhã... e assim sucessivamente”. Sábias palavras. Olho para o meu relógio, um que ganhei do meu lindo, um Natal antes de ele falecer.
Mudou o ano ou mudei eu? O que mudou perante a mínima poesia no sumidouro da vida? Onde estamos nós? Acompanhando a estrela Vega, possivelmente, perseguida pelo Sol da nossa galáxia, enquanto a luz caminha ao redor de nós?
Misericórdia! Nem sei mais o que dizer, de tão emocionada que estou. Emplacamos 2012, Sergio Antunes! Lembra da nossa saudação anual? Emplacamos, cara!
E assim, como não sou boba nem nada, encerro este arremedo de crônica, porque é preciso ter sabedoria para calar e para falar. E agora, silêncio. Deixa 2012 chegar. Já chegou? Mas eu nem vi, caramba!
Ah!... Deixa as Três Marias lá no alto, visíveis pela janela de vidro da minha cozinha. Três pontinhos tão distantes e belos, brilhando dentro deste pobre peito. Beijão!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lembrando o seresteiro “Cobrinha”

André Bueno Oliveira
Cadeira n° 14 - Patrona: Branca Motta de Toledo Sachs

Na mata extensa, o pássaro mavioso,
o irapuru, modesto seresteiro,
exala um canto nítido, mateiro,
louvando a Deus num tom maravilhoso!

Acompanhando o seu cantar sereno,
ouço por perto o som de uma cascata,
que ora me lembra linda serenata,
ora um concerto, por demais ameno.

Lá no roçado o pintassilgo canta.
No abacateiro exulta-se o sanhaço.
O canarinho, dentro do compasso,
abre seu canto que emociona e encanta.

Preso em gaiola, o sabiá suspira,
ao ver, liberto, um bem-te-vi trinando;
embora preso, vai cantarolando,
um hino triste que a prisão lhe inspira.

Na doce alcova desta terra amada,
minha cidade, Noiva da Colina,
lembro o cantar (que música divina!)
de um menestrel com voz açucarada.

Pássaro humano desta terra minha,
quando cantava, nas manhãs de sol,
o seresteiro-irapuru, Cobrinha,
causava inveja ao próprio rouxinol.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

APL em Ação - por Armando Alexandre dos Santos



APL em ação - Noticiário

- Nos diversos órgãos da imprensa piracicabana, membros da APL têm escrito com regularidade, fazendo sempre constar sua condição de acadêmicos e divulgando assim a entidade. Entre outros, lembramos os nomes de Elda Nympha Cobra Silveira, Ivana Maria França de Negri, Maria Helena Corazza, Marisa Fillet Bueloni, Rosaly Aparecida Curiacos de Almeida Leme, Myria Machado Botelho, Armando Alexandre dos Santos, Carlos Moraes Júnior e João Umberto Nassif.

- Continua no ar, sendo renovado quase diariamente e atraindo grande número de visitantes, o blog academiapiracicabana.blogspot.com – mantido com bom gosto e dedicação por Ivana de Negri.

- O mensário “Linguagem Viva”, dirigido pela Poetisa Rosani Abou Adal, tem divulgado regularmente notícias culturais de Piracicaba, dando sempre grande destaque às atividades da Academia Piracicabana de Letras.

- Pelo quarto ano consecutivo, a APL se viu oficialmente integrada ao Prêmio Escriba de Literatura, cuja comissão organizadora foi mais uma vez coordenada por Felisbino de Almeida Leme. Fizeram também parte da Comissão Organizadora do Prêmio, neste ano, outros acadêmicos: Leda Coletti, André Bueno Oliveira e Waldemar Romano.

- A Academia continuou participando ativamente da vida cultural e cívica da Cidade de Piracicaba, fazendo-se representar por diretores seus em numerosas atividades públicas. Também fora da Cidade, em eventos realizados por outras entidades análogas, vem sendo regularmente representada por diretores e associados. Assim, no mês de agosto, Armando Alexandre dos Santos compareceu à fundação da Academia Sãopedrense de Letras, instituída na cidade vizinha por iniciativa do Prefeito Eduardo Speranza Modesto. O mesmo acadêmico tem assessorado a Academia Araraquarense de Letras, em vias de instalação.

- André Bueno Oliveira foi homenageado pela Prefeitura Municipal de Piracicaba, na instauração do Mérito Cultural 2011, na categoria Literatura, recebendo a medalha Profa. Branca Motta de Toledo Sachs.

- Ivana de Negri foi duplamente premiada, alcançando a primeira colocação como cronista piracicabana, no I Concurso Escriba de Crônicas, e a terceira colocação, em concurso de poesias promovido pela Academia de Letras de São João da Boa Vista.

- Quatro membros da APL, Carla Ceres de Oliveira Capeleti, Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto, Ivana e Cássio Camilo Almeida de Negri, foram selecionados no Mapa Cultural Paulista, na fase municipal.

- Carla Ceres foi a grande vitoriosa no Mapa Cultural Paulista, fase Regional 2011-2012, acumulando as premiações das categorias Conto (1º. lugar), Crônica (1º. lugar) e Poesia (menção honrosa). Ela foi classificada, nas categorias Conto e Crônica para a fase final, de âmbito estadual, a ser julgada no primeiro semestre de 2012.

- Carmen Pilotto, Ivana e Cassio de Negri também organizaram a Exposição Palavras e Imagens da Itália, no Clube de Campo de Piracicaba, em comemoração ao Ano da Itália no Brasil, exposição essa que estará na Biblioteca Municipal Ricardo Ferraz de Arruda Pinto de 1 a 15 de dezembro p.f.

- Geraldo Victorino de França lançou na Biblioteca Municipal seu novo livro, intitulado “Aprendendo com o Voinho”, volume 3, com prefácio da Presidente da APL, Maria Helena Corazza, que também prefaciou, juntamente com o Bispo diocesano D. Fernando Mason, o livro “60 anos da vinda das Carmelitas para Piracicaba”.

- Elias Jorge lançou no Clube Coronel Barbosa seu romance “A janela continuava fechada”, esgotando-se rapidamente a primeira edição e já tendo sido impressa a segunda. A apresentação da obra foi feita por Paulo Lebeis Bomfim, Príncipe dos Poetas de São Paulo e Decano do Academia Paulista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

- Felisbino de Almeida Leme lançou seu livro “Relato de minha vida – poemas e crônicas”, em concorrida sessão no Clube Cristóvão Colombo, sede Centro, com grande número de pessoas presentes, e fez questão de doar a entidades caritativas o rendimento da venda da obra. A obra foi prefaciada pelo Prefeito Barjas Negri e teve apresentação da Secretária da Ação Cultural, Rosângela R. Camolese.

- Aracy Duarte Ferrari publicou, e lançará oficialmente no mesmo ato do lançamento desta revista, seu livro “Mergulho Interior”, com prefácio de Carlos Moraes Júnior e apresentação de Armando Alexandre dos Santos.

- Valdiza Caprânico lançou na Biblioteca Municipal o livro digital “Vamos salvar nossa casa”.

- Armando Alexandre dos Santos ministrou durante as férias de julho, na Biblioteca Municipal de Piracicaba, minicurso de três dias, sobre Técnicas de Criatividade. O mesmo acadêmico compareceu em outubro ao Encontro Bienal dos Institutos Históricos estaduais, realizado no Rio de Janeiro pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e visitou a Federação das Academias de Letras do Brasil, que tem sede no mesmo edifício do IHGB, estudando a possibilidade de afiliação formal da APL à FALB.

- Rosaly e Felisbino de Almeida Leme foram jurados no Primeiro Concurso de Redação e Desenho do Rotary Internacional, Distrito 4310. Os dois, assim como alguns outros membros da APL, participaram das festividades oficiais do Dia Nacional do Escritor.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Academia de Letras de Piracicaba, comentários de uma observadora

Marly Therezinha Germano Perecin
Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini

Uma Academia de Letras é organizada dentro dos sólidos propósitos da prática do conhecimento, das reflexões estéticas, humanísticas e filosóficas, do respeito mútuo e do exercício da Liberdade. Foi a ética prevalente na iniciativa do seu fundador, o folclorista João Chiarini, figura de inconteste valor na Inteligência Piracicabana. Ao longo das décadas, a Academia de Letras atravessou anos de crise, resistiu ao tempo e hoje se apresenta como uma entidade de respeito e admiração.
A sua evolução sintetizada em pouquíssimas palavras não foge à regra dos vendavais e tsunamis por que passaram as suas congêneres. Mudam os homens e as mulheres, transforma-se em novo o antigo, sem que a causa pereça. Vale a pena repensar e reinventar para obter o óbvio, o bem cultural acalentado, o produto definitivo em favor do saber coletivo. Eis a intenção que não muda, impressa na alma das academias para sempre..
Como para os estetas do pensamento, quase tudo de valor teve as suas origens na Inteligência Ocidental, no interior do universo helênico, gostamos de retroagir no tempo para lembrar aos jovens os dias de fausto sucedâneos ao século de Péricles. As elites da Hélade reuniam-se nos jardins atenienses, onde se homenageava o heroi Academus para evocar as musas, as divindades especiais que encantavam a inteligência de Zeus. Naquele mesmo lugar, o mais brilhante discípulo de Sócrates, Platão, iniciou a sua academia (escola) com propósitos universais, mas acabou prevalecendo a Filosofia sobre os demais saberes. Em virtude da tradição gerada na civilização ocidental, os grupos literários, artísticos e científicos denominaram-se academias, uma vez que a sua função específica era produzir e difundir a cultura, apresentar o novo e o transfigurado, congraçar os aficionados nos banquetes da Inteligência.
Assim pensando, uma Academia deve ser o complemento de todos os grupos do Saber, a confluência das idealizações positivas, o corredor das idéias de paz e de bem viver, bem como a partida para as iniciativas editoriais. Mas é, acima de tudo, o benfazejo espaço representativo da substância, gerada no pensamento pela imaginação, a intuição e a crítica, indispensável para a ação literária e que está na gênese da criação, antes desta tomar a forma narrativa, seja na prosa ou na poesia, para depois receber os tratamentos formais do idioma. Assim cremos e a vida nos tem mostrado.
Confiamos na ousadia e determinação da Presidente da Academia de Letras de Piracicaba, a professora Maria Helena de Aguiar Corazza, escolhida justamente em virtude da sua força interior aliada à inteligência. Auguramos-lhe todo êxito em sua nobre missão.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Premiação II

RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DO QUARTO CONCURSO – TEMA "PRUDÊNCIA"
III Etapa - IV Concurso Projetos de Trovas para uma vida melhor

MENÇÃO HONROSA
Leda Coletti- Cadeira no 36
Cadeira n° 36 - Patrona: Olívia Bianco
Se na rotina do dia
prevalecer a prudência,
haverá só calmaria
nesta terrena existência.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Premiação


André Bueno Oliveira
Cadeira n° 14 - Patrona: Branca Motta de Toledo Sachs

RESULTADO DAS AVALIAÇÕES DO QUARTO CONCURSO – TEMA "PRUDÊNCIA"
III Etapa - IV Concurso Projetos de Trovas para uma vida melhor


2º LUGAR
PRUDÊNCIA

Levando uma vida vã,
perdi bem cedo a Inocência,
mas conquistei sua irmã
que hoje me ampara: a Prudência.


domingo, 1 de janeiro de 2012

CINEMA EM SALAS DE AULAS

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
Participei de um fórum fascinante, juntamente com amigos e colegas, sobre a possibilidade de utilização do cinema como recurso pedagógico, em salas de aula. A certa altura, tivemos que responder por escrito a três perguntas. Aqui vão elas transcritas, juntamente com as respostas que dei. Acredito que possam ser de utilidade para algum leitor cinéfilo.

a) O que o cinema significa para você?
O cinema, enquanto arte, tem enorme significado para mim. Assisti a incontáveis filmes na infância e na adolescência. Aprecio, sobretudo, alguns gêneros de filmes: 1) os históricos, que apresentam retratos de épocas passadas; 2) os que contêm problemas filosóficos, psicológicos ou existenciais profundos; 3) os que envolvem discussões em tribunais de júri, debates entre advogados etc.; e 4) aqueles que retratam a história de um grupo familiar, num recorte de larga duração, abarcando várias gerações. Não me agradam os filmes chamados “de ação”, policiais, com tiroteios, perseguições malucas de automóveis, ou de ficção científica. De modo geral, aprecio mais os filmes europeus (italianos e franceses, sobretudo) do que os filmes norte-americanos.

b) Tente se lembrar de sua adolescência e infância, como o cinema influenciava sua vida?
O cinema, assim como a leitura, marcarou muito a minha infância e adolescência. Fui leitor voraz, a ponto de, aos 13 anos de idade, ter relacionado por escrito, de memória, todos os livros, de todos os gêneros, que até então havia lido. O número chegou a 300. Também via muitos filmes, geralmente quatro por semana, sempre que a programação do cinema perto de casa (onde eu tinha entrada gratuita, já que o gerente era meio parente meu) permitisse a presença de meninos da minha idade. Para mim, os livros e o cinema constituíam meios alternativos para emergir no passado, numa outra dimensão que me parecia incomparavelmente mais fascinante do que o presente. Como nasci em 1954, ainda assisti a incontáveis filmes em branco e preto e testemunhei a chegada dos primeiros coloridos. Na infância e na adolescência, como eu ainda não tinha maturidade para entender filmes de conteúdo mais filosófico, o que mais me atraía eram os filmes históricos sobre a Antiguidade Greco-Romana. Eu ficava, entretanto, furioso porque via que, frequentemente, os filmes modificavam os fatos que eu já tinha lido, alteravam-nos à vontade para favorecer um enredo hollywoodiano. Eu era muito criança, mas acho que foi naquela fase que começou meu senso crítico que só aumentou com a idade. É claro que, naquela jovem idade, não tinha condições de compreender, nem de longe, todo o alcance filosófico das duas epopéias de Homero ou a ele atribuídas. Isso, só com a idade fui alcançando compreender. Bem mais tarde, em contato com os textos originais de Homero (em traduções, claro!) e, recentemente, lendo outros livros que me marcaram muito (especialmente "A cidade antiga", de Fustel de Coulanges) e vendo ─ ou revendo ─ filmes novos ou antigos sobre a época (Tróia, Alexandre, Os 300 de Esparta etc.) é que me dou conta de como, sem sentir, aquelas leituras da infância me marcaram. De fato, compreendo agora que a Ilíada e a Odisséia significaram muito na minha vida, como podem significar na vida de quaisquer outras pessoas.

c) Que filmes (possivelmente) marcaram sua vida?
É um pouco difícil relacionar. Apenas para recordar alguns, destaco, entre os de cunho histórico, El-Cid, Coração Valente, Patriota, Ben-Hur, O Leopardo; entre os que apresentam problemas filosóficos ou psicológicos, Doze Homens e uma Sentença, O Mistério do Rosário Negro etc.; entre os que mostram o histórico de várias gerações de uma família, O Poderoso Chefão.

Artigo publicado na TRIBUNA PIRACICABANA

Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Gregorio Marchiori Netto - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Sílvia Regina de OLiveira - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz